terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Pronto.
Agora você pode respirar.
Eu queria mais. Ir além, ultrapassar esses limites que o mundo, as pessoas e eu mesma me impus. Eu dizia que não era capaz disso, que não conseguia fazer aquilo. De repente eu fui lá, passei um aperto, um perrengue e fiz. Cheguei a algum lugar. Logo eu que vim de lugar nenhum, não tinha forças, não tinha ânimo, não tinha caráter, não tinha moral. Construí uma coisa de cada vez e de repente eu havia chegado em algum lugar. Eu não me dava crédito pelas minhas conquistas por que sempre sonhei grande demais, nunca admiti ter algo pequeno. Eu queria o que reluzia, brilhava, fazia vista frente ao resto. Não tive tempo para contemplar as pequeninas coisinhas que saí catando enquanto tropeçava na vida. Agora eu vejo.
Eu fiz algo.
Eu cheguei em algum lugar.
Eu posso muito mais.
E eu tenho medo.
Não se fazem nem vinte quatro horas desde minha última conquista e já estou fazendo desdém dela, já quero o degrau de cima. Tenho medo de não aproveitar tudo, de não conseguir ser feliz com os meus passos estreitos. Medo de chegar lá e não fazer direito. Igual já aconteceu antes. Começar a tropeçar e de repente estatelar no chão. A ironia de tudo isso é que eu sempre quis gravar Carpe Diem na pele, mas eu não consigo aproveitar o momento. As dúvidas e medos em atolam, eu paraliso.
E se?
Mas e se?
Ninguém sabe "e se", mas eu não consigo deixá-los de lado. Eu aperto a mesma tecla cinquenta vezes. Não é o suficiente, não é nada. Mania feia de tudo ou nada, não conseguir aceitar os tons de cinza pelo caminho. Sim ou não. Preto ou branco. Oito ou oitenta. Não dá pra viver querendo engolir o mundo desse jeito. Com essa ânsia eu não vou passar da esquina. Ainda sim, almejando o que é maior do que meus braços, grande demais para caber na palma da minha mão. Aperto e já me foge entre os dedos.
Eu choro.
De manhã de alegria.
De noite de angústia.
E se?
Segura a respiração, morena. Tu tens direito a uma golfada de ar.
Eles podem respirar.
Você não.


Najla Brandão