sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Poema de Augusto



As chuvas de Agosto caem em mim
e os meus desejos
por seus beijos
ficam à gosto de ti.

Os ventos de Agosto sopram em ti
e os teus segredos
viram medos
e desgosto por mim.

Najla Brandão

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Amor Contemporâneo


"Turbilhão de amor", por Mike Nedo
o amor é arte contemporânea
você chama o que quiser de amor
pode ser a vizinha, a conterrânea
ou alguém por quem tem horror

se é arte e é amor
é ator
que finge o tempo todo
brincando de ser doutor

tentando curar a sofreguidão
que é sofrer sem um guia
querer morrer todo dia
por uma antepaixão

pode ser amorança
que é amor com bonança
e colore tudo com body art
que pinta o corpo e a cidade

em poema sobre amores artísticos
vale rimar sem ritmo
até eu, você e alguns pontos turísticos,
pois quem vai dizer que o amor contemporâneo não é legítimo?

Najla Brandão

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Parágrafo único

              De tudo o que ficou, eu insisto em pedir perdão pelas minhas falhas. Ainda que ontem eu sentisse no peito arder toda a vontade de viver que fazia de mim a sua morada, hoje eu não consigo me lembrar que gosto isso tem. Sobrou vontade e faltou a sabedoria de decidir o que fazer com ela, no melhor dos meus dias eu preparei o gelo e o copo pro uísque barato de dez reais. No pior fui o pecado e deixei de me fazer santa para cair ao chão, completamente imunda e desgostosa perguntando aos céus, pela milésima vez, o que eu estava fazendo. Eu não sabia e ainda não sei. São os meus extremos que fazem com que eu perceba que há algo de errado comigo. Hoje a vontade de mudar o mundo do qual faço parte se escondeu debaixo de algum móvel, já procurei em todo canto e ainda não sei dizer onde está. Sinto vergonha e não sei de quê, peço desculpas e não sei porquê, corro sem a expectativa de chegar em algum lugar. Das correntes que quebrei, quis colocá-las todas de volta. "Por favor me prendam, sou perigosa demais para mim assim: solta." É uma mentira descabida dizer isso, sou inofensiva, a verdade é que não sei que caminho fazer para chegar onde quero estar. Estou apática, completamente letárgica. Sensação que permanecia guardada no fundo da gaveta em um bauzinho a mil chaves, eis que surge e aflora ao meu mundo e esparrama seus segredos por aqui. Respira, menina, ainda dá tempo de voltar às flores.


Najla Brandão